terça-feira, 6 de julho de 2010

Seco

Seco

Escapam as palavras

E o vento joga as madeixas

Que açoitam aquele pedaço

De carne inerte, morta sem enterro

Que é o espelho dos pesadelos

De desespero, dor e falta de alma

Que todo bom humano luta para não ser

Um caco letal e contagioso de tristeza

Um poderoso pedaço de caos

Que revira a noite

De olhos secos, raivosos, estranhamente abertos

Porque desaprendeu

A dormir e a chorar

E explodiu por dentro

E hoje caminha só

E cheira a plantas mortas

E animais em agonia

E grita o seu rancor

Num silêncio cortante, frio, absurdo

Que enlouquece os sãos

Por não ser feito de palavras

E incompreensível aos ouvidos,

Mas castigam a alma...

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