Seco
Escapam as palavras
E o vento joga as madeixas
Que açoitam aquele pedaço
De carne inerte, morta sem enterro
Que é o espelho dos pesadelos
De desespero, dor e falta de alma
Que todo bom humano luta para não ser
Um caco letal e contagioso de tristeza
Um poderoso pedaço de caos
Que revira a noite
De olhos secos, raivosos, estranhamente abertos
Porque desaprendeu
A dormir e a chorar
E explodiu por dentro
E hoje caminha só
E cheira a plantas mortas
E animais em agonia
E grita o seu rancor
Num silêncio cortante, frio, absurdo
Que enlouquece os sãos
Por não ser feito de palavras
E incompreensível aos ouvidos,
Mas castigam a alma...
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