Poderia conceder-te minha amizade
Se, de teus poros, a pobreza de espírito
Não exalasse num perfume acre
Que desconhece a sutileza de palavras.
Poderia tomar-te como esposa
Se a luz jamais tivesse, as tuas faces, tocado
E me revelasse este tom tão presente
De orgulho e amargura.
Poderia enxergar-te como imortal
Se teus grosseiros pensamentos permitissem
A profundidade e a carícia
De uma linha sentimental.
Poderia buscar as palavras mais belas
E casá-las com as estrelas mais brilhantes
Que, ainda assim, teu desprezo sinistro
Nos separaria como amantes.