sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A rã e a rosa

Era uma vez, uma história de amor. Amor incomum. Fora das expectativas. Fora de série. E lindo, como todo amor, porque é puro. A existência do amor em si, no seu significado mais simples e denotativo já transforma um ser em anjo, pois quem descobre como funciona o amor, descobre a chave do céu.

Primeiro a solidão. Então, a busca por alguém em quem depositar nossa capacidade de devoção, altruísmo e admiração integral. Os seres buscam incessantemente alguém por quem fazer isto e, consequentemente, alguém que também o faça, afinal a outra face da moeda do amor é a reciprocidade.

Paremos, então, com a racionalização do amor e observemos o fato. Era uma vez, uma rosa. Bonita. Vermelha. Imperiosa em sua cor, perfume e espinhos. Nas noites de sereno, ela chorava. Muito! Sabia de sua beleza, de seu valor. No entanto, faltava-lhe alguém. Precisava de alguém que tocasse e admirasse suas pétalas todas. De alguém que percebesse e se embriagasse na singularidade de seu perfume. E de alguém que estivesse disposto a conviver com seus espinhos, ajudando-a a quebrar os mais nocivos.

Ao mesmo tempo, era uma vez, uma rã. Pequena. Verdinha. Com patinhas bem delicadas. Úmida e escorregadia como todas as rãs. Também sabia o seu valor, a delicadeza de seu tamanho e que cantava mais bonito do que qualquer outra rã. Entretanto, precisava de alguém que admirasse seu canto. Que, apesar de ver uma rã, visse um animalzinho delicado, pequeno, frágil. E que soubesse e tivesse firmeza para segurá-la, por ser escorregadia.

Assim como a rosa tentava, mas não se dava com os lírios ou copos-de-leite, por estes não se darem com seus espinhos, a rã também não tinha êxito com os sapos, por ambos serem escorregadios.

Um dia, após pararem de procurar o “alguém”, esperando que ele aparecesse, aconteceu algo inesperado: a rosa ouviu um canto levemente grave e de muito bom gosto, enquanto a rã sentiu um perfume exótico, diferente de todos os outros cheiros que já sentira. Então, se olharam e, à primeira vista, apenas admiração. O canto era lindo e o perfume era inigualável.

A rã passou a visitar a rosa com freqüência, que a recebia cada dia mais rubra de alegria. Começaram, pois, a se perceber. O olhar das outras flores e dos sapos, querendo saber o que se passava, já não importava. A única coisa no mundo que era imprescindível a cada uma delas era conhecer aquele fascinante ser estranho.

A rã, habilidosa e engenhosa, foi descobrindo que os espinhos da rosa serviam de degraus, para alcançar-lhe as macias e perfumadas pétalas. Já a rosa descobria, aos poucos, o quão mágico era sentir a delicadeza e a umidade das patinhas da rã, tateando seu caule, cuidando de seus espinhos e chegando com carinho às pétalas.

Ao encontrar e tocar as pétalas tão suaves da rosa, a rã sentiu-se, pela primeira vez em sua vida, segura e protegida, pois a textura e quantidade de pétalas não a deixavam escorregar e cair, protegendo-a em seu seio. Ao notar a segurança da rã, a rosa, ajudada por uma brisa, chacoalhou levemente suas pétalas, colocando a rã protegida, bem no miolo dela, onde até o perfume era mais forte e a textura mais agradável. A rosa sentiu-se útil e importante, abrigando aquele serzinho entre suas pétalas que, por ser úmido e um pouco gelado, refrescava-a no calor do dia. Ao se perceberem tão próximas, tão completas, tão cúmplices, choraram de alegria e nunca deixaram de se abrigarem e se protegerem.

É verdade que, às vezes, a rã, na escalada, escorregava e se feria, mas recebia seu mérito ao perfumar-se em horas a fio entre as pétalas da rosa. É fato, também, de que a rosa ficava manchada e melada por abrigar um ser muito úmido por muito tempo. No entanto, era a única rosa cantora, pois, quando estava dentro dela, a rã cantava ainda mais bonito, parecendo ser a rosa quem cantava. E viveram felizes, perfumadas, arranhadas, cantoras, meladas e livres dos olhares de lírios e sapos agourentos para sempre.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sarau Solidário - Setembro

RAÍZES PRUDENTINAS

Olhar a própria casa, olhar a própria terra e ver a joia-viva, a joia-humana que produz a arte e distribui a sensibilidade de raízes e sonhos dos que nos precedem e realimentam nosso orgulho de sermos Prudente. É nossa homenagem a uma cultura em permanente gestação. (Carlos Francisco Freixo)


Este sarau será dedicado à premiação de escritores prudentinos que já tenham livros publicados. Conta, também, com a apresentação de novos escritores.


Todos estão convidados a participar!


Data: 18/09/2010

Horário: 19:30

Local: Centro Cultural Matarazzo (Presidente Prudente - SP - Brasil)

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