terça-feira, 22 de novembro de 2011

Míssil Orgânico Perdido

Você já foi ao zoológico? Pois é. Ver os animaizinhos. Leões comendo carne e bocejando. Araras e papagaios fazendo um barulho dos infernos. Macacos fazendo toda sorte de esquisitices, inclusive jogar gosta pela grade. É! Cagar na mão e jogar a bosta porta a fora.

Imagine este exato macaquinho. Que lapso de praticidade! Fazer algo e se livrar do produto de modo simples. Que inveja!

Com base neste senso de praticidade, fiz algo parecido há alguns anos. Viajei para São Paulo! Visitei lugares impregnados de culturas diversas. Cada qual com suas manifestações linguísticas, artísticas e gastronômicas.

Para explorar esta magnífica miscelânea de hábitos e costumes, provei da lasanha ao quibe. O dia todo lendo, andando, visitando e comendo.

Por fim, entramos no ônibus e para o literal “camin da roça”. Na primeira parada, percebi que precisava colocar os líquidos para fora. Dos sólidos, nem sinal. Assim o fiz calmamente. Cantarolante!

Ao voltar para o ônibus, percebi que algo falava comigo. Língua estranha. De dentro para fora. “Talvez seja minha consciência (e pança) pesada.”

Luzes apagadas. Poltronas reclinadas. Senti um beliscão na barriga. Esbravejei em minha mente: “Oh pança! Não me envergonha.” E toca a viagem.

Foi questão de cinco minutos: senti como se houvesse uma tora de madeira intestino adentro batendo com força contra a porta de saída. Olhei para o céu e invoquei: “Nossa Senhora do parto, não é filho, mas me ajuda com essa dor!”

Comecei a suar frio. Enquanto as “contrações” vinham, eu pensava nas possibilidades: esperar a próxima parada? Impossível! O traseiro já devia estar com oito de dilatação. Pedir pra parar? E cagar no mato?????

Eis que veio a grande idéia: todo motorista e/ou guia turístico diz que o sanitário do ônibus é “desprovido de potência” para mandar o número 2 (no meu caso 3, quase 4) embora. Se existisse uma data propícia para verificar este mito era esta.

Entrei no banheiro em desespero. Concomitantemente ao ato de sentar, todas as culturas misturadas e oprimidas em meu organismo ganharam sua tão merecida liberdade. Peidei em todos os idiomas! Cada montante que passava era dolorosamente gratificante tal qual um parto.

Enfim, terminei a feitura da odisséia intestinal!!! Limpei-me cuidadosamente, pois o corpo se ressentia da batalha. No entanto, ao tentar enviar o inimigo a dimensões desconhecidas, o mito se fez verdade: a descarga do banheiro do ônibus não leva “merda nenhuma” embora.

Agora estava livre em relação a meu corpo, porém o que fazer com aquele Coliseu construído no vaso? Pensei em algumas alternativas: Deixá-lo ali mesmo? Não! Alguém descobriria o autor da obra de arte. Tentar dar descarga novamente? Que idiotice!
Abra-se um parênteses (mas não o feche, por favor) para o fedor. Não conseguia conceber que aquilo tivesse saído de dentro de mim. Então, abri a janela. Claro! Por que não?

Lembre da sabedoria dos animais... do macaco! Pensei friamente: “se cato o do meu cachorro, por que não o meu?”. Peguei bastante papel, uni toda a minha coragem ao mais refinado espírito de porco que havia em mim e catei um pedaço do monumento. Lancei-o janela a fora. Tive de repetir o processo umas 5 ou 6 vezes. Era muita matéria-prima.

Você não tem idéia da sensação de praticidade e, inclusive, liberdade que jogar merda pela janela pode proporcionar a um indivíduo. Simples. Inusitado. Silencioso. Quase poético. Lavei as mãos e fui descansar com alívio.

Poderia ter trincado o vidro de um carro? Sim. Poderia ter matado um andarilho? Sim. Poderia ter pintado a fachada de um posto de polícia rodoviária? Creio que sim. Mas... liberdade é risco! Vai saber se aconteceu e eu nem fiquei sabendo! E nem quero! Não é comigo...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Saudades estranhas

Sinto saudades...
Dos poemas que nunca escrevi
E dos homens por quem não morri.

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Sinto saudades...
Dos banhos de chuva recuados
E, por desejo, não ter chorado.

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Sinto saudades...
Do vento, que o meu rosto, jamais tocou
E dos discos, que o tempo escasso, silenciou.

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Sinto saudades...
Dos lugares que evitei visitar
E de palavras não ditas, sem brilho e ar.

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Sinto saudades...
Dos ideais que se ficaram por cumprir
E do último olhar d’alguém especial que não vi partir.

.

Sinto saudades
Saudades estranhas...
Saudades entranhas...

.

Sinto saudades...
Da vida, não da existência!
Da tua companhia, não da carência!

sábado, 10 de setembro de 2011

Conte até 150

Um dia acordei
Estava escuro
A janela aberta
Já não me clareava
A face
O corpo
A mente
A alma.

.

Descobri, então
Que o Sol
Quis aparecer
Mas alguém achou
Que eu merecia trevas.

.

Sim, roubaram o Meu Sol!
Arrancaram-no da minha janela
Porque ele era vermelho
E vermelho não é digno
Pra ser cor do Sol...
... mas de luz de bordel.

.

Levaram; junto com meu Sol,
A possibilidade de eu mostrar
Para as pessoas
Como é belo
O Sol vermelho.

.

É mais vivo!
É mais adorável!
É mais criativo!

.

No entanto,
Outros invejosos
Que só tem um Sol anêmico
E sufocante
Daquele escaldante
Que secam
Que machucam
Que provocam dor
Amedrontaram-se.

.

Amedrontaram-se
Com a idéia
De que o Sol
Não precise ser amarelo
Para todos
Pois nem todos gostam
Das mesmas cores
Pelo simples fator
Personalidade.

.

Um conselho lhe digo
Não vendo não.
É de amigo:
Se, acaso,
Seu Sol também
Não é amarelo,
Ou a grama
De seu jardim
Jamais fora verde
Ou sua alma
Não é cinza
E lhe roubaram tudo isto
Conte até 150
Porque até 10 é pouco
Para conter a fúria
Dos autênticos
Dos destemidos
Dos satisfeitos
Dos nós...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Desprezo

Poderia conceder-te minha amizade
Se, de teus poros, a pobreza de espírito
Não exalasse num perfume acre
Que desconhece a sutileza de palavras.

Poderia tomar-te como esposa
Se a luz jamais tivesse, as tuas faces, tocado
E me revelasse este tom tão presente
De orgulho e amargura.

Poderia enxergar-te como imortal
Se teus grosseiros pensamentos permitissem
A profundidade e a carícia
De uma linha sentimental.

Poderia buscar as palavras mais belas
E casá-las com as estrelas mais brilhantes
Que, ainda assim, teu desprezo sinistro
Nos separaria como amantes.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Quando chegares

Quando chegares
Não te esqueças que me pertences
Quando chegares
Venha repleto de sonhos como presentes
Quando chegares
Desmancha-me o cabelo com afagos quentes
Quando chegares
Abraça-me e me diga notícias antigas e recentes
Quando chegares
Toma meus lábios à luz do poente
Quando chegares
Espero-o desnuda, iluminada sob a cera incandescente
Quando chegares
Entrego a ti minhas mãos inocentes
Quando chegares
Faz de minh’alma um poço indecente
Quando chegares
Se chegares
Quando chegares...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sarau Solidário - Junho

"O ciclo do brilho nos olhos"

... tímidas fagulhas... fogueira pequena... fogaréu... fim em brasas... as mesmas brasas que geram as próximas tímidas fagulhas...

Data: 18/06/2011
Horário: 19:30
Local: Centro Cultural Matarazzo - Presidente Prudente-SP
(Rua Quintino Bocaiuva, 749 Vila Marcondes)
Entrada: 1kg de alimento não perecível

terça-feira, 3 de maio de 2011

Indo

Eu vou casar...
É, é isso! Vou casar!
Tá resolvido!

Por quê?!
Ora, simples
Porque...
É...
Aquilo que...
TODO MUNDO...
...quer.

Então, é isso!
Garçom:
Me vê um casamento!
Daqueles completos:
Daqueles clássicos (e clichês),
Daqueles vestido-branco,
Daqueles beijo-na-testa-depois-da-permissão,
Daqueles tapete-vermelho,
Daqueles flor-de-laranjeira,
Daqueles bolo-super-decorado,
Daqueles o-cara-que-tá-lá-não-é-o-que-eu-quero,
Daqueles mas-ainda-assim-tô-indo...

Indo... pra onde?
Indo pro lado: ERRADO!
Eu vou casar!
Vou sim!
Por quê?!
Porque a covardia
Um dia
Me agarrou pelo braço
Me negou teu abraço
E disse:
O caminho é pra lá!

Então... eu to...
...indo...indo
Indo me vestir de porta-bandeira com um buquê!
Indo me fazer de boa moça e corar por um beijo na testa,
Sendo que, com você,
Em cima de você
E você
Em cima de mim
Nunca me fez corar...
E agora coro! Coro sim! De vergonha!

E continuo indo...
Indo para o tapete de sangue,
Do MEU sangue
Do sangue que entreguei a ti
Com minha alma
Com minha calma
Entre tua tez
E minha nudez
Só indo...

Indo de encontro aos espinhos
E flor-de-laranjeira lá tem espinho?
Não sei...
...mas doeu TANTO
Pra pregá-las em meus cabelos
Que eram teus
E, por minha culpa
Serão do cara
Que está lá
Que eu não quero
Que eu estou indo
Que eu não estou rindo
E pra você
Eu to partindo
Me partindo em pedaços
De remorso,
De covardia,
De conforto,
De segurança,
De imagem,

Por favor,
Antes de eu casar
Guarda o meu amor
Com você...
Não vou usá-lo!
É teu!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Inexistência insistente

Olha nos meus olhos
E diz mudamente
Que nada mudou
Porque nada existiu
Que você não desistiu
Porque nunca quis.

Olha nos meus olhos
E diz mudamente
Que você não partiu
Porque nunca chegou
Que, de mim, não se cansou
Porque, por mim, nunca se preocupou.

Olha nos meus olhos
Olha firme
Olha decidido
Olha profundamente
E diz sem palavras
Que eu não posso ser segundo plano
Porque nunca fui um plano.

Olha nos meus olhos
Ei! Psiu!
Ao menos
Olha nos meus olhos!

terça-feira, 15 de março de 2011

Sarau Solidário - Março

Sabores do Brasil

"Um cheiro, um jeito, um tempero, a atitude, o movimento das águas, o burburinho das matas, o sincretismo dos ritmos transformados em Sabores do Brasil"

19/03/2011

19:30

Centro Cultural Matarazzo - Presidente Prudente-SP

Entrada: 1Kg de alimento não perecível para ser doado ao Lar Santa Filomena

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A voz da alma

Sou uma voz
Que grita muda.

Grita pelas águas amargas
Que jorram sadicamente
De gota em gota
Por um rosto rachado
Que vive de memórias e ideais.

O tempo age
Como um conta-gotas
Meticuloso,
Racional,
Impiedoso!

E não jorrará
As horas
Com mais (ou menos)
Pressa
Se eu usar a voz
Para gritar.

Por isso
Grito pelos olhos
Os mesmos
Que despencam
Fúria
Que despencam
Sangue
Que despencam
Ódio
Que despencam
Desprezo
Sobre um mundo
Pedaço de trapo
Ao qual
Vejo e observo
De modo cego
Para suportar
Para aprender a ser
Para aprender a conviver
Enfim
Para aprender a fazer
Articuladamente
Loucamente
De toda esta lama alva
Um lugar
Interessante
Fascinante
Caliente
De brilho ofuscante
E beleza “indecente”

Ou seja,
Um pedaço de chão
Em que fracassos
Sejam sinônimos a tentativas
E vitórias alheias
Bem recebidas.

Um pedaço de terra,
No qual cada qual
Poderá escolher
A cor do Sol
Que brilhará
Dentro da própria casa
Porque o Sol do vizinho
Deve fazê-lo feliz
E o teu a ti
E basta
E fim.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sarau Solidário - Fevereiro

Fantasia: Quando as máscaras revelam mais a verdade que a rotineira caminhada diária ou "um sonho de Pierrot e um beijo de Arlequim."

Data: 19/02/2011

Horário: 19:30

Local: Centro Cultural Matarazzo - Presidente Prudente

Entrada: 1 Kg de alimento não perecível

Esperamos a presença de todos!!!!

Projeto da Associação Prudentina de Escritores

Colaboração: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Amante nos olhos

Me devora a alma
Com teus olhos
Entrando em mim pelos meus.

.

Toco teu corpo
Com meu olhar fixo
Com a intimidade tátil de um cego.

.

Não sei sobre tua voz ou toque
Mas teus olhos...
Mordem meus lábios
Sussurram palavras docemente indecentes em meus ouvidos
Tateiam meu corpo sem permissão direta.
Invadem meus segredos pelos poros.

.

Por isso, me fazem...
... estremecer impassivelmente.
... corar sem mudar de cor.
... chorar sem lágrimas.
... gritar sem voz.
... gemer sem sons.
... gesticular imóvel.
... ofegar pausadamente.
... calar... e buscar, de novo, teu olhar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sarau Solidário - Janeiro

S.O.S.

À FAUNA, À FLORA, À HUMANIDADE



Seus olhos precisam ver; seu nariz, cheirar; seus pés e suas mãos, tocar; sua mente, despertar; seus coração, apoiar. Saber, até sabemos. Mas qual o gesto que nos faz humanos atuantes para um mundo de paz?

Não importa saber, mas atuar para a harmonia do mundo

Data: 15/01/2011

Horário: 19:30

Local: Centro Cultural Matarazzo


Presenças confirmadas:

Ø Arte – Débora Salomão dos Santos; Leozinho

Ø Artesanato – Ively Retali de Melo

Ø COOPERLIX / Prudenco / Secretaria do Meio Ambiente

Ø CDPEMA – Comissão de Defesa e Preservação do Meio Ambiente

Ø Dança – Faaria Esmer; Ruas de Fogo

Ø Eletrônica – Rodolfo Charelli

Ø Música – Cláudia Mungo; Jura Acústico; Banda Provisória;

Ø Literatura – Carlos Francisco Freixo; Juca Macedo; Paula Hanke; Suley Mara



Entrada: levar 1 Kg de alimento não-perecível a ser doado para APPA (Associação Prudentina de Prevenção à Aids)