sábado, 26 de fevereiro de 2011

A voz da alma

Sou uma voz
Que grita muda.

Grita pelas águas amargas
Que jorram sadicamente
De gota em gota
Por um rosto rachado
Que vive de memórias e ideais.

O tempo age
Como um conta-gotas
Meticuloso,
Racional,
Impiedoso!

E não jorrará
As horas
Com mais (ou menos)
Pressa
Se eu usar a voz
Para gritar.

Por isso
Grito pelos olhos
Os mesmos
Que despencam
Fúria
Que despencam
Sangue
Que despencam
Ódio
Que despencam
Desprezo
Sobre um mundo
Pedaço de trapo
Ao qual
Vejo e observo
De modo cego
Para suportar
Para aprender a ser
Para aprender a conviver
Enfim
Para aprender a fazer
Articuladamente
Loucamente
De toda esta lama alva
Um lugar
Interessante
Fascinante
Caliente
De brilho ofuscante
E beleza “indecente”

Ou seja,
Um pedaço de chão
Em que fracassos
Sejam sinônimos a tentativas
E vitórias alheias
Bem recebidas.

Um pedaço de terra,
No qual cada qual
Poderá escolher
A cor do Sol
Que brilhará
Dentro da própria casa
Porque o Sol do vizinho
Deve fazê-lo feliz
E o teu a ti
E basta
E fim.

2 comentários:

  1. Olá, Paula!
    Muito inspirados e in...tensos seus versos.
    Sempre acreditei no seu talento. Siga em frente, emocionando seus leitores!
    Abraços,
    profª Cida Bosschaerts

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  2. Muito obrigada, professora! Adorei a sua visita. Abraços.

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